Carta da Gestão – Fevereiro/2021

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Ao longo do mês de fevereiro, a metodologia adotada pelos gestores de fundos quantitativos esteve na pauta de muitas discussões em diversas casas de análise, algumas se posicionando contra outras, a favor.

De forma geral, o que foi colocado de forma contrária aos fundos quantitativos é que, além do uso de dados do passado como forma de previsibilidade não ser uma postura razoável, o que funcionou no passado não necessariamente funcionará no futuro.

No que diz respeito ao primeiro argumento, entendo que todo gestor no mercado financeiro vai utilizar alguma informação que tenha disponível para tomar decisão. Obviamente, essa informação deve ser do passado ou uma previsão do futuro. Com base em um processo de análise racional, os gestores tomam a decisão de alocação para seu portfólio. Independentemente de o produto ter gestão humana ou computadorizada, em ambos os casos a decisão será baseada em dados. Neste sentido, apontar como um problema dos fundos quantitativos o fato de utilizarem informações passadas no processo decisório é uma conclusão falha.

O segundo ponto fala sobre o fato de que os modelos sistemáticos não irão mais funcionar. Ora, todos os modelos quantitativos baseiam-se nos conceitos mais utilizados das finanças corporativas, amplamente utilizados por todos os gestores de portfólios de ações no mundo. Além disso, esses mesmos gestores buscam ineficiências na relação entre preço e valor. Se os modelos oriundos das finanças corporativas e as métricas de preço e valor não são razoáveis para uma decisão sistemática, por que seriam para a decisão humana?

Finanças Comportamentais

Em 2002, Daniel Kahneman, um renomado psicólogo israelense, foi aclamado com o Prêmio Nobel de Economia por suas pesquisas no campo das finanças comportamentais. Desde então, muito tem se discutido sobre o tema que está embasado em dois pilares: psicologia cognitiva (como as pessoas pensam) e impedimentos estruturais de mercado. Desde a premiação, diversos outros estudos na área surgiram, e modelos foram desenvolvidos. O comportamento do ser humano e os impedimentos estruturais estarão sempre presentes nos mercados financeiros, e tais anomalias podem ser exploradas por modelos quantitativos. Desta forma, a sustentação de que modelos quantitativos, principalmente os baseados em finanças comportamentais e finanças corporativas, irão parar de funcionar, é pouco razoável.

A imagem no estilo Renascentista foi criada, retratando uma cena financeira em um ambiente de aprendizado e análise da eficiência de fundos quantitativos.

Por fim, estamos alinhados com o pensamento de casas de análise que entendem o processo de construção dos modelos e compreendem a consistência e geração de valor para os clientes que optam pelos fundos de investimento com estratégias quantitativas.

Luciano Boudjoukian França