Momentum ou Reversão a Média nos Fundos Multimercados

Momentum ou Reversão a Média nos Fundos Multimercados

Momentum vs Reversão a Média

Começa o ano e várias casas de gestão passam a divulgar a performance consolidada do ano anterior. Revistas premiam os fundos que melhores performaram no ano anterior.

Os clientes das plataformas abrem o sistema, ordenam pelo retorno absoluto dos últimos 12 meses em uma determinada categoria (Multimercados, por exemplo) e compra os fundos que foram melhores em 2019.

RESULTADO: Você vai deixar dinheiro na mesa!

Fizemos um estudo utilizando como base de fundos os fundos disponíveis na plataforma do BTG agora no começo de 2020. Montamos duas cestas de fundos:

  1. 10% melhores fundos em termos de performance no ano imediatamente anterior;
  2. 10% piores fundos em termos de performance no mesmo período;

O gráfico a seguir compreende o resultado de uma estratégia realizada entre janeiro/2015 e dezembro/2019.

 

 

Visualização da imagem

 

Vejamos os resultados dessa estratégia de momentum vs reversão:

CDI: 9,85% a.a.

“Piores” fundos: 10,2% a.a.

Volatilidade: 6,7% a.a.

“Melhores” fundos: 9,0% a.a.

Volatilidade: 10,11% a.a.

Entretanto, trocar de fundos todos os anos é fiscalmente ineficiente. E se utilizarmos os dados dos últimos 24 meses para rebalancear a cada 24 meses? Vamos aos resultados (neste caso, o período utilizado foi entre janeiro/16 e dezembro/19):

CDI: 9,02% a.a.

“Piores” fundos: 11,4% a.a.

Volatilidade: 8,0% a.a.

“Melhores” fundos: 8,4% a.a.

Volatilidade: 8,9% a.a.

 

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Reparem que os melhores fundos no período anterior (seja 1 ou 2 anos) tiveram uma performance inferior ao CDI e aos “piores” fundos.

 

O que aprendemos com isso? Fundos tendem a ter um comportamento de reversão a média e não de momentum como outros ativos financeiros.

 

Os fundos de pior performance tendem a outperformar os fundos de melhor performance, não importa o prazo decisório.

 

Então o que você quer dizer é que escolher um fundo por rentabilidade não é o caminho certo? Depende. Se houver rebalanceamentos mensais em busca de momentum, por exemplo, é uma ótima estratégia (não refletida graficamente aqui), mas é fiscalmente ineficiente (a não ser que seja desempenhada dentro de um fundo exclusivo ou por um FIC).

 

As decisões de escolha não podem ser única e exclusivamente baseadas em rentabilidade.

 

Rentabilidade é uma métrica importante, mas os “outliers” de curto prazo (um ou dois anos) talvez não sejam os melhores fundos a se monitorar. A consistência não precisa vir sempre do vencedor.

 

Um fundo que está entre os 20 melhores todos os anos é melhor que um que está entre os 5 melhores eventualmente.